sexta-feira, 20 de junho de 2025

Como Reduzir Riscos de Incêndio em Zonas Rurais

Infelizmente, nenhum de nós estranha as notícias sobre incêndios em zonas rurais no Verão. Em 2017, depois dos incêndios em Junho no Pedrógão Grande, houve mais 440 incêndios e 50 vítimas em Outubro. Em 2018, voltámos a ser o país da UE com mais área ardida. Entre 2019 e 2021 houve uma ligeira trégua, mas em Julho de 2022 tivemos grandes incêndios nas zonas Centro e Sul. Depois, 2023 tornou-se o primeiro ano de sempre sem vítimas mortais, mas rapidamente regredimos. Acho que todos nos lembramos dos incêndios do ano passado, com dias em dias em que o Sol ficou coberto por fumo e poeiras. 


Então, o que podemos fazer para reduzir o risco de incêndio em zonas rurais?





Recomendações para os proprietários reduzirem o risco de incêndio


Antes de mais, precisamos de ter consciência que os métodos de prevenção de incêndios só funcionam se forem respeitados por todos. De nada serve limpar o seu terreno se o do vizinho está cheio de giestas. Os corredores anti-incêndio, as espécies que plantamos, tudo isso deveria obedecer a um plano conjunto. 


No entanto, em Portugal apenas a limpeza dos terrenos é obrigatória para todos os proprietários. O prazo legal é 31 de Maio (portanto, já passou) e a limpeza rege-se por uma série de regras:  as copas das árvores devem estar a 4 metros umas das outras ou a 10, no caso dos pinheiros e eucaliptos; os arbustos não devem ultrapassar os 50 cm de altura e as herbáceas não podem ter mais de 20 cm.


Evitar usar máquinas em dias de muito calor


No entanto, há mais coisas que podemos fazer para evitar a propagação de incêndios. A primeira é, desde logo, evitar queimadas nos dias com condições meteorológicas adversas. Ao contrário do que as pessoas pensam, não apenas a temperatura que importa. A humidade relativa baixa, especialmente quando se prolonga durante vários dias, é um factor decisivo. Também o vento e a direcção da brisa. 


Além das queimadas, é preciso ter cuidado ao ligar equipamento agrícola. O uso de moto-roçadoras, corta-matos e grades de discos pode gerar uma faísca e, se o tempo estiver de feição, é o suficiente para despoletar um fogo. Fazer puxadas de electricidade ou até mesmo ao usar geradores também é arriscado, por isso tenha cautela.


Esforços ao nível local


Os peritos em prevenção de incêndios recomendam preparar faixas e mosaicos de gestão de combustível (ou seja, faixas de corte de incêndio), assim como uma rede de pontos de água distribuídos estrategicamente. Embora não haja um plano nacional, é possível fazer pequenas iniciativas a nível local. Procure falar com os proprietários dos terrenos à volta do seu para criar essas áreas anti-incêndio. 


Outra questão importante que também pode agilizar a nível local é mapear as fontes de água. Saber onde há poços e fontes de água pode ser determinante para apagar o fogo assim que surge. Por isso, em zonas rurais, nada como falar com os vizinhos e com a junta de freguesia para traçar um plano.


Plantar espécies mais resistentes ao fogo


O pinheiro e o eucalipto são espécies que facilitam a propagação do fogo. No entanto, como crescem rápido e são madeiras fáceis de vender, é muito tentador continuar a plantar estas espécies. Mas, se não está a pensar exclusivamente a curto prazo, recomendamos plantar espécies autóctones que são mais resistentes ao fogo, como os sobreiros, os carvalhos, o medronheiro, o castanheiro e as azinheiras.


No caso das regiões autónomas, as plantas típicas da floresta de Laurissilva (o til, o zimbreiro, o loureiro, o barbusano, o vinhático, a faia e o samouco) e algumas espécies tropicais, como as árvores de anona, oferecem mais resistência do que o eucalipto e as espécies invasoras.  


Dito isto, recordo uma vez que a limpeza de terrenos é obrigatória. A limpeza de terrenos é a primeira linha de combate para evitar que haja acumulação de combustível nas zonas rurais. Embora o custo da limpeza de terrenos seja cada vez mais alto, o resultado não tem preço. 



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